O cancro oral é definido pela Classificação Internacional de Doenças pelo “conjunto de tumores malignos que afetam qualquer localização da cavidade oral, dos lábios à garganta, (incluindo as amígdalas e a faringe)”.
A sua localização mais comum é no pavimento da boca (mucosa abaixo da língua), bordo lateral da língua e no palato mole. Mais de 90% destes cancros são designados por carcinomas, afetando o epitélio da mucosa oral. Os restantes correspondem a formas mais raras de tumores e incluem os linfomas, sarcomas, melanomas, etc.
O cancro oral está associado a índices de mortalidade elevados, que se devem, em grande parte, ao seu diagnóstico tardio. Na consulta de rotina ao médico dentista, poucos se lembram que a importância de se fazer uma consulta de prevenção de 6 em 6 meses não é só com o propósito de verificar se existe alguma cárie, se a gengiva está saudável, etc, mas também avaliar todas as outras estruturas orais como os lábios, a língua ou palato (céu da boca). Esta consulta é importantíssima para o rastreio do cancro oral numa fase inicial, que permita o seu tratamento e evite, muitas vezes, a morte!
O carcinoma da cabeça e pescoço é o 6º cancro mais comum em todo o mundo e corresponde a cerca de 2.8% de todos os cancros. O cancro oral é mais frequente nos homens, acima dos 45 anos de idade, aumentando consideravelmente até aos 65 anos.
O tabaco e o álcool são os principais fatores de risco no desenvolvimento do cancro oral. O fumo do tabaco está relacionado com diversas transformações na mucosa oral e tem um efeito carcinogénico direto nas células epiteliais.
O cancro oral está, portanto, fortemente associado a um estilo de vida menos saudável, isto é, ao consumo de tabaco e álcool, associado a uma reduzida ingestão de vegetais e frutas e, por isso, a ula alimentação desadequada, pobre em alimentos contendo agentes anti-oxidantes. Os carcinomas da cavidade oral podem manifestar-se como uma mancha, de cor variável, geralmente branca ou avermelhada, uma massa mais ou menos endurecida ou uma úlcera que não cicatriza.
A maior parte das lesões são indolores na sua fase inicial, tornando-se progressivamente dolorosas. São exemplo de sinais e sintomas: úlceras persistentes, áreas endurecidas, áreas de crescimento tecidular, lesões que não cicatrizam, mobilidade dentária, dor, parestesia (perdas de sensibilidade), disfagia (dificuldade em deglutir), lesões brancas e vermelhas, linfadenopatia (gânglios linfáticos aumentados).
O cancro oral trata-se essencialmente com cirurgia e radioterapia, isoladas ou combinadas. O fator chave para o tratamento é o diagnóstico precoce das lesões, que melhora significativamente as taxas de sobrevivência à doença.
Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos no diagnóstico e tratamento do cancro oral, este continua a ter uma taxa de mortalidade bastante elevada. Estima-se que cerca de 6 em cada 10 doentes de cancro oral morram nos 5 anos após a data do seu diagnóstico.
O insucesso parece estar ligado ao facto de grande parte dos casos não serem diagnosticados atempadamente. A prevenção do cancro oral passa pela adoção de um estilo de vida saudável; cessação do consumo de tabaco; diminuição do consumo de álcool; consumo regular de vegetais frescos e frutas como fator protetor; visitas regulares ao médico dentista que permitam que tais lesões sejam diagnosticadas nas suas fases mais precoces.
Como sempre, prevenir é o melhor remédio.
Dra. Lara Ribeiro